Antes

“Eu tinha três a quatro segundos para começar outro bloco, o tempo suficiente para trocar de gravador. O velho AKAI, que até hoje ainda enfeita e por vez ou outra funciona para reproduzir as fitas do arquivo, não era preciso. Ser traído pelo velho AKAI era comum, você dava um play e ele simplesmente voltava ou não parava no ponto. Era um negócio terrível. No final de seis horas de trabalho eu saía muído.”  
A citação de Washington Barbosa exemplifica perfeitamente a tecnologia que a Educadora tinha no seu ano de lançamento. Em 1978, o engenheiro Assis Brasil foi responsável pelas primeiras transmissões experimentais. A transmissão era feita por um equipamento fabricado pela Indústria Brasileira de Eletrônica (IMBELSA). O equipamento tinha o tamanho de uma TV de 20”, pesava 50 quilos e era todo a válvula. Sua freqüência era a mesma da Educadora (107,5 megahertz), o que ajudou no funcionamento. O velho transmissor IMBELSA ajudou nos testes dos equipamentos, mas não atendia por completo as necessidades.
A solução chegou pelo técnico Milton Santarém que conseguiu emprestado um transmissor Phillips de 50 watts, colocando pela primeira vez a Educadora no ar. Após a antena instalada, o estúdio de som do auditório do Irdeb foi transformado em estúdio de transmissão. Parte de uma velha mesa Gradiente de oito canais foi aproveitada na montagem de uma com dois canais. Na época, não existiam locuções ao vivo, era tudo gravado em módulos de três músicas e hora certa.
Buracos na programação eram constantes nos primeiros meses. Cada fita de rolo de 45 minutos tinha quatro módulos musicais, cada um com três músicas. E logo após a hora certa nem sempre um gravador parava no ponto e os buracos na programação aconteciam o dia todo.
Em 1979, o Irdeb compra seu primeiro transmissor, um Harris de 5 quilowatts e uma nova antena de 75 metros e mais um novo estúdio. Nessa fase, a rádio deu um salto com os novos equipamentos, em compensação ficou sem o transmissor reserva, o RCA de 250 watts, que foi devolvido para a Rádio Sociedade e o de 50 que voltou para a Rádio Cruzeiro. A falta de transmissor era um novo problema para a transmissão da rádio. Foram dois anos de sufoco, que só terminou em 1984 com a chegada do transmissor SNE de 1 quilowatt.  


                                                                                                              Por Gustavo Luz